O diabetes é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Além de complicações macrovasculares como infarto do miocárdio e AVC, as complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia periférica) são causas frequentes de morbi/mortalidade. Cerca de 10 mil novos casos de cegueira ocorrem a cada ano nos EUA em função do DM.
Em artigo publicado recentemente no periódico Diabetes (Restructuring of the gut microbiome by intermittent fasting prevents retinopathy and prolongs survival in db/db mice. Diabetes 2018;67:1867–1879) surge uma nova perspectiva de abordagem dessa complicação da doença.
O estudo comparou a resposta do jejum intermitente (contra alimentação ad libitum) em ratos diabéticos. Embora o jejum intermitente não tenha determinado melhora nos parâmetros metabólicos com glicemia de jejum ou no peso corporal, os animais submetidos a esse programa apresentaram maior sobrevida e redução de alterações relacionadas à retinopatia diabética como capilares acelulares e infiltração leucocitária.
Houve também importante alteração na microbiota intestinal nos animais submetidos ao jejum intermitente, com aumento da relação Firmicutes/Bacteroidetes, além de aumento da mucina, do número de células caliciformes e do comprimento dos vilos, sugerindo redução
O jejum intermitente determinou também aumento das concentrações do tauroursodeoxicolato (TUDCA), um metabólito com propriedades neuroprotetoras. Estudos prévios já haviam demonstrado a presença de receptores do TUDCA na retina, o que levou os autores a especularem se os benefícios do jejum intermitente no que diz respeito à retinopatia diabética se dariam através desse mecanismo.
Como estudos anteriores (Health benefits of fasting and caloric restriction. Curr Diab Rep 2017;17:123) já demonstraram outros benefícios metabólicos do jejum intermitente estudos posteriores deverão esclarecer seus reais mecanismos de ação e esses resultados podem ser extrapolados para seres humanos.
